O
índice de desemprego entre os jovens também aumentou
O número de desempregados
registrado no primeiro trimestre de 2020 já passa dos 12 milhões. Os dados
foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a
partir da Pesquisa Nacional Por Amostra de Domicílios (PNAD). Segundo o IBGE, a
taxa de desemprego entre os jovens brasileiros de 18 a 24 anos também aumentou,
chegando a 27,1% nos três primeiros meses deste ano. Os registros indicam ainda
que esses valores são mais acentuados entre as mulheres e aqueles que se
autodeclaram pretos ou pardos. Um dos
fatores que explicam esse cenário é a dispensa de vários trabalhadores
temporários, que foram contratados no final de 2019 e depois demitidos por
conta da pandemia.
Mas entre todos os
números, gráficos e estudos disponibilizados pelas pesquisas, estão as
histórias de pessoas que tentam diariamente encontrar trabalho. Entre elas,
está Adriana Sacramento. Aos 24 anos, a jovem que mora na capital baiana está
sem trabalhar desde julho de 2019. Sua última ocupação foi como operadora de
telemarketing. Durante o período que
ficou sem trabalhar, ela até tentou fazer outras atividades. “Entrei em alguns
cursos, faculdade, mas ainda não concluí nada. A falta de emprego fez com que
eu desistisse. Sem
emprego não tem dinheiro, fica complicado”, explica.
Adriana também acredita
que a ausência de qualificação a impede de ser selecionada para as vagas de
emprego. “As oportunidades já são poucas para quem tem qualificação, para quem
não tem é pior”, afirma. Para se manter durante esse período, a jovem tem feito
alguns trabalhos autônomos. “Fiz faxinas e só. Tenho algumas economias que
guardei quando saí do emprego. Atualmente estou me organizando para montar meu
negócio, algo voltado à culinária. Sempre tive esse sonho. Amo cozinhar”,
declara. Nas circunstâncias atuais, em que o novo coronavírus mexeu com todos
os setores da sociedade, Adriana não cria muitas expectativas quanto às novas
contratações. “Eu
acredito que será mais complicado ainda, pelo menos no início, as coisas irão
acontecer com mais lentidão, já que a economia do nosso país teve
um grande impacto negativo”, conclui.
Quem concorda com a
afirmativa da jovem é a economista Izabella Maria da Silva Viana. Mestre em
Economia e Doutoranda em Estatística, Izabella reitera que de acordo com o
Fundo Monetário Internacional (FMI), o impacto da Covid-19 fará com que o mundo
passe por experiência semelhante à Grande Depressão de 1929, com retração do
PIB mundial. A economista explica: “a recessão, na prática, engloba uma série
de fatores que impactam diretamente na economia, como a redução da produtividade
das indústrias, aumento do desemprego, a diminuição do poder de compra das
famílias e a redução dos investimentos no país.” Para entender melhor o vínculo
que existe entre esses dois fatores, a economista esclarece: “há uma relação
direta entre a recessão econômica e a taxa de desemprego. Quando não há
circulação de renda na economia, como por exemplo, o consumo de serviços,
ocorre a retração econômica. É um efeito multiplicador, com a redução dos
níveis de empregos e circulação de renda. Isso pode ser visto também nos níveis
de investimentos, quando os investidores estão mais cautelosos em injetar
dinheiro na economia quando há níveis baixos de crescimento”, esclarece.
Além disso, a alta do
desemprego entre os jovens pode ser ainda mais danosa, causando prejuízos que
podem durar por muito tempo. “A curto prazo ocorre o aumento das solicitações
em seguro-desemprego. A longo prazo há perda de qualificação, redução da renda
futura e consequentemente da produtividade. Neste cenário, haverá o aumento dos
custos do Estado, pois será necessário que os recursos sejam elevados para
ofertar serviços públicos e benefícios sociais”, conclui Izabella.
O IBGE revelou que o
desemprego cresceu em 12 estados brasileiros no 1º trimestre de 2020, se
comparado com o 4º trimestre do ano passado. Entre os estados com as taxas mais
elevadas, estão: Bahia (18,7%), Amapá (17,2%), Alagoas e Roraima (16,5%). As
menores taxas foram observadas em Santa Catarina (5,7%), Mato Grosso do Sul
(7,6%) e Paraná (7,9%). Faz parte desse grupo a jornalista de Juazeiro, Bahia,
Elinete Souza de Carvalho,36. Sem trabalhar há 5 meses, a última ocupação que
conseguiu foi em uma área completamente distinta do jornalismo.
O que conseguiu foi uma vaga como operadora de caixa em uma loja de produtos
químicos e de limpeza. Para se manter durante o período que está desempregada,
a jornalista tem feito algumas prestações de serviço e também conta com o apoio
de seus familiares. Elinete até pensa em investir mais nos estudos, mas o
momento não é propício. “Pretendo muito fazer uma especialização, mas
desempregada e com aluguel para pagar não tem como”, justifica. A jornalista
também não está muito otimista quanto a situação do desemprego no país. “Apesar
de algumas empresas terem demitido muitos funcionários e pretender contratar
novos servidores quando a pandemia acabar, acredito que tudo isso vai afetar
ainda mais a crise econômica no país e, consequentemente, vai aumentar o índice
de desemprego”, completa.
Fonte: Esther Santana –
Agência Educa Mais Brasil