O compromisso de ajudar seus pacientes tem sido a grande motivação dos
agentes da saúde
Heróis da saúde. Assim são chamados os médicos, enfermeiros,
fisioterapeutas, técnicos
em enfermagem e tantos outros profissionais que se
arriscam todos os dias para atuar no combate ao coronavírus. Nem sempre eles
estão na linha de frente, cuidando dos pacientes que estão nas unidades de
terapia intensiva (UTIs) dos hospitais. Atuam, também, se dividindo entre os
Postos e as Unidades Básicas de Saúde (UBS), garantindo os serviços iniciais de
atenção básica, prevenção e tratamento da população.
Seja nos primeiros
momentos, identificando os sintomas, realizando exames e aferindo a
temperatura, ou no estado mais crítico, quando há necessidade de auxiliar os
sistemas do corpo a manter suas funções vitais, cada um desses trabalhadores
exerce papeis fundamentais na luta contra a pandemia. Com o crescente números
de profissionais contaminados, mais de cinco mil no país, de acordo com o
Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), o medo tem se espalhado entre eles, mas
a coragem e a vontade de continuar servindo têm sido muito maiores.
A técnica de enfermagem
Márcia de Moura, que atua em um Hospital do Estado de Porto Velho, em Rondônia,
conta como essa nova realidade tem lhe afetado. “É uma experiência nova, não
tão diferente pois a área a qual já atuava é infectocontagiosa, mas os cuidados
se tornaram mais intensivos para não levar contaminação aos demais pacientes e
também aos familiares”, explica. De acordo com Márcia, muita coisa mudou,
inclusive, seus estudos que sofreram alterações por conta desse novo cenário.
Além desse trabalho, ela também está no 9º período do curso de Fisioterapia.
A área sempre a encantou. “Após atuar como técnica em enfermagem, pensei em um
curso superior e a fisioterapia, sem dúvida, foi a minha escolha.” Agora ela se
divide em uma tripla jornada (estudos, casa e trabalho) só para poder continuar
cuidando das pessoas.
Em casa, a técnica conta
com o suporte dos seus familiares para continuar lutando. “O incentivo vem da
família, pai, mãe, filhos e companheiro que, no momento, se tornou o cuidador
da casa e dos filhos”. No ano de 2008, ela já tinha tentado ingressar no ensino
superior, mas não pôde continuar porque não tinha como pagar. Dessa vez, além
da contribuição da família, ela contou com uma bolsa de estudos. Agora, a
técnica de enfermagem está a poucos passos de realizar o sonho da graduação e
de também continuar colaborando na luta contra a pandemia.
A mais de 2.000
quilômetros de distância de Márcia está Euzilene Duarte. Elas não se conhecem,
mas ambas trabalham com a mesma disposição e objetivo: cuidar dos pacientes que
precisam de atendimento. Euzilene é uma enfermeira que atua em um hospital em Sorocaraba,
São Paulo. Ela se formou em dezembro do ano passado, no mesmo período em que o
coronavírus se espalhava por todas as regiões. A enfermeira recebeu o diploma
no mesmo mês que começaram a ser divulgados os primeiros casos de infecções
causadas pela Covid-19 e foi direto para a linha de frente.
“Está sendo uma
experiência nova na minha carreira e, ao mesmo tempo, dolorosa pelo fato dos
pacientes com Covid-19 não poderem ter contato com seus familiares nem receber
visitas durante as internações”, afirma.
Mãe de três meninas, de
14, 18 e 21 anos, Euzilene redobra a vigilância em casa. “Estou tendo todo cuidado. Quando chego em
casa, já tiro minhas roupas no lado de fora. Sempre oriento elas também para
manter os cuidados”, explica.
“Aos profissionais de
saúde quero dizer que esse momento é delicado, estamos todos no mesmo barco e
pedindo a Deus, todos os dias, que nos proteja e guarde a cada segundo. Tenham
fé, força e dedicação a cada paciente que receberem”, declara a enfermeira. À
população, Euzilene alerta para que cada um se cuide, previna-se, fique em
casa, na medida do possível, e não se desespere.
Do outro lado da
trincheira, estão os profissionais da saúde que atuam nas barreiras sanitárias.
Integram a equipe que realiza a ação pessoas da área de fonoaudiologia,
fisioterapia,
educação
física, nutrição.
Além de buscar a todo momento alertar a população sobre os riscos da
contaminação, eles fazem uma espécie de triagem, realizando alguns
procedimentos.
A educadora física,
Priscila Santana, de 33 anos, é uma das agentes que atuam nessas atividades.
“Nas barreiras sanitárias fazemos campanhas de conscientização sobre o uso de
máscaras, álcool em gel, aplicando vacinas e também estamos realizando testes
rápidos. Utilizamos todos os EPIs, como luvas e máscaras, e ficamos nas ruas
fazendo as abordagens a carros e pedestres. Falamos sobre a importância de
ficar em casa e de se proteger, informa”
Nas unidades de atenção
básica, o trabalho também não para. Elas foram criadas para atender cerca de
80% dos problemas de saúde da população. Homens e mulheres, jovens, adultos,
idosos e crianças passam por esses locais e realizam serviços todos os dias,
fazendo do local um possível ambiente de contaminação. Ainda assim, os
atendimentos precisam ser realizados. A fonoaudióloga Jacineide de Oliveira é
uma das profissionais que continuam prestando serviços. Atualmente, ela só
oferece assistência no Programa Melhor em Casa, na cidade de Simões Filho e
suspendeu as consultas na clínica em que trabalha. Jacineide conta que o
cuidado tem sido redobrado. “No ambiente de trabalho, ficamos de máscara o
tempo todo e fazemos uso de álcool em gel o tempo todo. No atendimento usamos
os EPIs: jaleco descartável, luva, óculos, viseira, touca e máscara. E o
cuidado é dobrado, lavamos sempre as mãos e descartamos os materiais
devidamente”, disse.
Jacineide não esconde o quanto
essas mudanças foram significativas para ela. “Muita coisa mudou, não só na
vida profissional. A rotina mudou muito. Parei de atender no consultório, a
maioria dos atendimentos é feito por telemonitoramento. É bem complicado
porque, além de ter um cuidado maior voltado para você como profissional, é
preciso ter cuidado com os pacientes”. A fonoaudióloga conta ainda que realiza
orientações por teleconsultas para os cuidadores dos pacientes e os
atendimentos em domicílio só acontecem quando há extrema necessidade. A fala da
profissional revela o risco da contaminação, “um descuido e já era,” alerta.
Mesmo com todo o perigo que a situação envolve, ela afirma que não imagina
abandonar seu posto de trabalho. Além das questões salariais, existe o compromisso.
“Gosto de atender e fico imaginando os pacientes sem atendimento. O paciente
necessita de cuidados, principalmente agora”.
E é justamente por conta
dessa responsabilidade, que começou ainda na graduação, que esses profissionais
continuam se arriscando. Priorizando o atendimento e o cuidado de seus
pacientes, até que essa fase termine.
Fonte:
Agência Educa Mais Brasil